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sexta-feira, 27 de julho de 2012

Tribunal Popular da Ditadura

Fonte: TVT


Durante o XXXI ENEH na Unifesp Guarulhos aconteceu, na segunda-feira dia 16 de julho, uma edição do Tribunal Popular da Ditadura. Foram apresentados os seguintes casos de crimes do Estado: o assassinato de Luiz Eduardo Merlino, estudante da USP, e o assassinato de indígenas durante o período de ditadura Civil-Militar; além dos recentes crimes de maio, em 2006, quando houve uma sucessão de assassinatos de jovens na periferia paulistana.

O Tribunal Popular é uma rede de organizações que se constituiu em 2008 por iniciativa de uma série de entidades e militantes e passou a discutir e refletir acerca das constantes violações aos direitos humanos cometidas pelo Estado brasileiro, reforçando seu modelo opressivo perante a sociedade. O alvo privilegiado dessas ações são as parcelas mais pobres da população brasileira, em especial os negros jovens. O grau das ofensas a direitos constatadas fez com que se criasse uma rede cuja missão é fazer denúncias e articulações para realizar um combate permanente às violações sofridas pelas populações em situação de maior vulnerabilidade política, econômica e social.


O ENEH (Encontro Nacional de Estudantes de História) é um evento já tradicional entre os estudantes de História do Brasil. Organizado pela FEMEH (Federação do Movimento Estudantil de História), é o principal espaço dessa entidade e é um encontro político, cultural e acadêmico. Além de organizar e aglutinar os estudantes de História nacionalmente em torno de bandeiras comuns, assim estabelecendo os rumos nacionais do Movimento Estudantil de História, também colabora na integração pessoal e acadêmica entre estudantes de todo o Brasil. Em 2012, o ENEH chega à sua 31ª edição.

Atualmente, a principal bandeira da FEMEH é a luta pela abertura dos arquivos da ditadura civil-militar, pelos apontamentos de que a estrutura autoritária do Estado brasileiro, baseada numa política repressiva e genocida de sistemáticas violações aos Direitos Humanos, tem em suas raízes o aparato estatal da ditadura, cujos quadros nunca foram punidos - nem os empresários que financiavam a tortura e a máquina estatal como um todo, nem os responsáveis diretos pelas torturas e execuções.

O inimigo interno, que antes era o militante (fosse comunista ou liberal), hoje é o negro, jovem e pobre, o sem-terra, o morador de rua, o indígena. Até mesmo as delegacias onde eram executados os primeiros continuam sendo usadas para executar os últimos (nos demais países latino-americanos, as antigas delegacias passaram a ser museus em homenagem à luta contra as ditaduras, de forma semelhante ao Memorial da Resistência em São Paulo).

Assim como na ditadura, a repressão não ocorre à toa, mas de forma sistêmica e planejada, para garantir certo projeto de desenvolvimento econômico nacional. Projeto este que conta, entre suas características, com a necessidade de remoção de comunidades para construção de obras para os megaeventos de 2014 e 2016, como no caso das remoções pelas quais vêm passando todas as capitais brasileiras que sediarão jogos da Copa de 2014, ou a expulsão de comunidades nativas de suas terras para determinadas atividades econômicas (como os Guaranis-Kaiowáas e o etanol, no MS). Da mesma forma, nos grandes centros urbanos, a política para a juventude negra, pobre, sem perspectivas de educação ou emprego é simples e passa por apenas uma decisão: extermínio ou encarceramento.

2 comentários:

Jorge Ramiro disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Jorge Ramiro disse...

Eu participei de um dos seminários sobre direitos humanos realizada em uma cadeia de hoteis em sp. Parece muito importante fortalecer os laços regionais na América Latina, para avançar nesta questão.